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32ª edição da Bienal oferece experiências sensoriais inusitadas

Há até instalação comestível na mostra, que reúne 330 obras de artistas e coletivos de 33 países

Por Julia Flamingo
Atualizado em 1 jun 2017, 15h58 - Publicado em 3 set 2016, 00h00
Bienal de arte
Bienal de arte (Leo Martins/)
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Uma pista de skate fosforescente, um piso aparentemente firme que esconde uma cama elástica e a reprodução de uma oca indígena na qual é possível entrar são atrações que poderiam fazer parte de um parque de diversões. Na verdade, são obras de arte que integram a 32ª Bienal de São Paulo, com abertura marcada para quarta (7), no Parque do Ibirapuera. Dos 330 trabalhos expostos, 70% foram criados especialmente para a ocasião. Presente também nas últimas edições, a ideia de instalações interativas ganha força ímpar neste ano e promete oferecer ao visitante até 11 de dezembro uma série de experiências sensoriais inusitadas — e gratuitas.

+ Horários e serviços da 32ª Bienal de São Paulo

Um dos mais importantes eventos de arte contemporânea do mundo, a Bienal paulistana teve sua primeira edição em 1951 e só perde em longevidade para a de Veneza, na Itália, criada quase sessenta anos antes. Sua relevância reflete-se no portfólio de peso, com 81 artistas e coletivos provenientes de 33 países. O responsável pela desafiadora função de escolher as obras foi o alemão Jochen Volz. Radicado no Brasil há doze anos, ele participou como curador convidado da 27ª Bienal e, desde 2004, faz o mesmo papel no Instituto Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais.

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Bienal de arte ()

Casado com a artista mineira Rivane Neuenschwander, viveu em Belo Horizonte até o início deste ano, quando se mudou para cá. Para a nova mostra no Ibirapuera, escolheu o tema Incerteza Viva. “Queremos discutir a sensação de insegurança que todos compartilhamos em meio a problemas atuais como guerras, desafios causados pelo fluxo de imigração e crises políticas e econômicas”, discursa o curador, em português perfeito, mas com bastante sotaque.

Uma das convidadas de Volz foi a mineira Lais Myrrha. No privilegiado espaço entre as rampas do pavilhão no Ibirapuera, ela criou Dois Pesos, Duas Medidas. Trata-se de duastorres de 8 metros de altura, dispostas lado a lado, uma delas de alvenaria e a outra feita com elementos de construções indígenas, como troncos de árvore e palha. Perto dali, no térreo, ficará a obra Ágora: Oca Tapera-Terreiro, do paraense Bené Fonteles.

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Além de artista, Fonteles é ativista, compositor, músico, escultor e xamã. Sua construção de teto de palha e paredes de taipa reproduz uma oca indígena e terá, no interior, uma programação com rodas de discussão, performances e rituais apresentados em sessões para oitenta pessoas. “Meu maior desafio foi construir sem cavar um buraco no piso de um prédio icônico”, conta Fonteles, referindo-se ao edifício projetado por Oscar Niemeyer.

Empreitada ainda mais trabalhosa teve a coreana Koo Jeong A. Fora do pavilhão, ela montou uma pista de skate de 17 metros de diâmetro e com pintura de tinta fosforescente, nos mesmos moldes de experiência que realizou em cidades como Liverpool, na Inglaterra. Para viabilizar a ideia, a Bienal precisou pedir autorização a quatro órgãos, entre eles a Secretaria do Verde e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. A peça ficará disponível para os que quiserem arriscar manobras. O efeito para quem vê de fora é interessante, com vultos percorrendo o circuito que brilha no escuro.

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Bienal de arte ()

A finlandesa Pia Lindman apostou numa experiência mais relaxante. No projeto Nariz Orelhas Olhos, receberá os visitantes numa casa de bambu para aplicar uma técnica milenar de massagem do seu país. Outro destaque é a obra Chão, do artista mineiro José Bento. Ao caminhar por um piso de taco, o público descobre, de repente, que há uma cama elástica camuflada embaixo dele.

Fora do universo das peças interativas, há outros trabalhos instigantes, como o bordado da jamaicana Ebony Patterson, que debate os altos índices de assassinato de jovens negros na Jamaica e no Brasil. Na linha inusitada, uma das campeãs é Naturalizar o Homem, Humanizar a Natureza, ou Energia Vegetal, do argentino Víctor Grippo, na qual se mede a temperatura de batatas (o artista, morto em 2002, defendia que isso era arte, sim).

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Na nova edição da Bienal é esperado um público de quase 500 000 pessoas. Além de um café que será inaugurado durante o evento, o mezanino do prédio terá um restaurante instalação com produtos orgânicos. Batizada de Restauro, a iniciativa é de Jorge Menna Barreto. Na primeira semana, o menu será um prato feito com cereais, feijão, verduras, raízes, salada e farofa, por 15 reais. “Quero mostrar como os hábitos alimentares e o sistema digestivo têm o poder de moldar e regenerar a paisagem na qual vivemos”, diz Barreto.

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