Cristão, muçulmano e judeu comandam ONG que promove corrida pela paz
O evento lembra o trajeto percorrido por Abraão e celebra a boa convivência entre os povos
Neste domingo (6), a capital receberá novamente a corrida anual Caminho da Paz. O evento é um projeto da Caminho de Abraão, ONG que surgiu no Brasil em 2006 por meio de uma iniciativa do escritor americano William Ury e se espalhou por quarenta países. A principal atividade do instituito é relembrar o percurso que o personagem bíblico Abraão fez 4 000 anos atrás: 1 200 quilômetros, da Turquia até Israel.
Nas ações no Oriente Médio, a rota é seguida à risca. Em São Paulo, o trajeto tem um total de 7 quilômetros. Antes de sua realização, os organizadores promovem intervenções artísticas na capital. No último dia 27, vinte palavras gigantes, com letras de 2 metros de altura, foram instaladas em pontos da cidade: “ética” aparece na Avenida Brigadeiro Faria lima e “paz”, na Avenida Brasil, por exemplo. Ficarão expostas durante um mês.
Bairros da periferia também receberam as intervenções urbanas, como o Jardim Ângela. A prova começa na Avenida República do Líbano, passa pelo parque do Ibirapuera e pela Avenida Juscelino Kubitschek, até chegar ao Parque do Povo. As inscrições, a 29,40 reais, já se encerraram. Aexpectativa é que 7 000 pessoas participem desta sétima edição.
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Preside o braço nacional da Caminho de Abraão o empresário Alexandre Chade, de 46 anos. “Queremos mostrar que a convivência entre todos pode ser pacífica”, afirma ele, presidente do conselho da Dotz. Dividem ainda o comando do grupo o libanês radicado no Brasil Suheil Yamout, 62, adepto do islamismo, e o judeu Raul Meyer, 72, ambos empresários — Chade é cristão católico.
A ONG se sustenta por meio de patrocínios de companhias e doações de seus membros. A instituição promove ainda ações beneficentes, como jantares, e ajuda a conectar homens de negócios a entidades diversas. Agora, trabalha com uma organização que atende refugiados. Com investimento de 4 milhões de reais, o Caminho da Paz, porém, firmou-se como seu maior feito. “A corrida tornou-se parte de São Paulo, e isso não tem preço”, orgulha-se Chade.