Festa de São Vito utiliza 1 tonelada de tomate por fim de semana
Com 96 anos, a celebração é uma das mais tradicionais da cidade e recebe 4 000 pessoas a cada sábado e domingo
Em 1895, a primeira imagem de São Vito – o protetor dos artistas, dos que sofrem de doenças nervosas, dos jovens e dos dependentes de drogas – chegou ao bairro do Brás. Vindo da cidade de Polignano a Mare, na Itália, o santo católico segue até hoje unindo gerações de italianos aqui na cidade.
Celebrada ininterruptamente desde 1918, a Festa de São Vito Mártir, organizada pela associação de mesmo nome, está entre as mais tradicionais de São Paulo. Durante o período de comemoração, voluntários preparam delícias para encher a barriga de um exército faminto formado por 4 000 pessoas por fim de semana. Ali a mesa farta italiana toma proporções gigantescas: para cada sábado e domingo são usados 100 quilos de batata, 120 quilos de mussarela, 400 quilos de macarrão, 440 quilos de berinjela, 700 quilos de farinha de trigo e 1 tonelada de tomate. Acredite: 8 000 unidades de ficazzela (uma espécie de pastel frito) e 600 de fogaça saem nesses dias.
Os colaboradores juram que a fé e o amor pelo santo siciliano são os diferenciais da festa. Mas é o molho, feito de maneira tradicional e apurado por horas a fio, o que arrebata os estômagos e corações dos frequentadores. “Em outras festas se usa molho pronto por causa de patrocínio, mas aqui não, é tudo fresquinho”, cochicha Dona Neide, de 75 anos, quase como um segredo.
A animada Dona Gina, de 82 anos, é uma das mais antigas voluntárias – bota a mão na massa há 52 edições. É dela a explicação da origem de um dos pratos mais pedidos do evento, o macarrão à putanesca (veja receita abaixo). “Tem uma versão que diz que as prostitutas preparavam a receita, mas essa história não gostam que eu conte”, diverte-se. Ela é uma das mammas voluntárias que fazem as comidas servidasno Brás. Ao todo são dezoito senhoras com idade entre 75 e 85 anos. Dica: para agradá-las, pronuncie “mámmás”, com o “a” mais aberto possível.
Confira as receitas do macarrão à putanesca e do antepasto de berinjela servidos pelas mammas de São Vito.
Macarrão à putanesca
Rendimento: cinco porções
– 1/2 xícara de azeite de oliva
– 2 dentes de alho picados
– 2 quilos de tomates italianos maduros e firmes picados
– 1 cebola grande picada
– 1 colher de sopa de sal
– 200 gramas de azeitona preta sem caroço
– 200 gramas de azeitonas verde sem caroço
– 100 gramas de alcaparra
– Pimenta vermelha a gosto
Cozinhe a massa na água fervente com sal até que fique al dente. Enquanto isso, em uma panela, aqueça o azeite e refogue a cebola e o alho. Acrescente os tomates e mexa bem. Em seguida, misture os outros ingredientes e deixe apurar por cerca de cinco minutos em fogo baixo. Escorra a água da massa e coloque o molho por cima. Se desejar, acrescente queijo ralado para finalizar.
Antepasto de berinjela
Rendimento: 600 gramas
– 2 berinjelas descascadas e cortadas em tiras
– 2 cebolas grandes cortadas em tiras
– 200 gramas de cogumelos
– 150 gramas de uva passa
– azeite
– vinagre
– 100 mililitros de água (ou o necessário)
– azeitonas verdes a gosto
– orégano
Em uma travessa, misture todos os ingredientes e por último polvilhe o orégano. Cubra com papel alumínio e leve ao forno pré-aquecido por cerca de quarenta minutos. Após esse tempo, retire o papel e aguarde mais quinze minutos. Tire do forno, espere esfriar e coloque em um pote de vidro. Na geladeira, o antepasto dura cerca de duas semanas.