Sampa Tattoo é o primeiro estúdio de tatuagem formado apenas por profissionais do sexo feminino
Localizado em uma galeria nos Jardins, o local tem uma equipe composta apenas por mulheres e artistas
A tatuagem vem imprimindo sua marca na história da humanidade desde os tempos do Egito antigo, há cerca de 5 000 anos. Durante a maior parte dessa trajetória, tratava-se de uma prática essencialmente masculina e ligada ao submundo, com marinheiros e presidiários exibindo suas sereias, âncoras, símbolos religiosos e números de identificação. Assim, até a virada do século XIX para o XX, mulheres que carregavam desenhos no corpo eram consideradas atração de circo nos Estados Unidos.
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Nas últimas décadas, no entanto, o gosto pela tatuagem disseminou-se entre o público feminino, inicialmente restrito a desenhos delicados e, mais recentemente, ampliando-se para artes mais elaboradas e maiores. A diversificação do mercado acabou impulsionando também o surgimento de profissionais do gênero. “Passamos a ganhar espaço no Brasil com a transmissão de programas americanos como o Miami Ink, que tinha Kat von D como protagonista”, diz Akemi Higashi. Uma das pioneiras paulistanas na carreira (começou há quase quinze anos), ela se tornou referência na área.
A tendência ganhou um novo impulso há um mês com a inauguração do primeiro estúdio da capital formado exclusivamente por mulheres. Instalado em uma galeria na Rua Augusta, nos Jardins, o Sampa Tattoo conta com cinco tatuadoras e tem atendido em média quatro clientes por dia, cobrando entre 200 e 450 reais pelas sessões. Na equipe do estabelecimento, todas têm entre 18 e 26 anos, e quatro cursaram faculdade de artes, design ou comunicação. No momento de empunhar a agulha, cada uma recorre a um estilo diferente. A mais nova do grupo, Ingryd Guimarães, dedica-se às mandalas. O pontilhismo é o preferido de Juliana Chislu, enquanto Julia Bicudo e Jéssica Coqueiro apostam no blackwork (no quadro abaixo, confira detalhes de algumas das técnicas mais procuradas pelos clientes na atualidade).
A ideia de abrir o negócio nasceu da necessidade de criar uma atmosfera, digamos, mais adequada ao gosto das garotas. Assim, nada de quadros com referências a motoqueiros e roqueiros. A decoração do estúdio da Augusta é marcada por papéis de parede estilizados na cor bege, móveis de madeira, lustres pendurados no teto e iluminação clara. “A maioria dos locais que eu havia frequentado até hoje tinha ambiente meio pesado”, diz a estudante de fotografia Angelica Kataoka. Ela visitou o lugar no dia da inauguração, no começo de julho, e agendou uma sessão para desenhar nas costas a imagem do Pequeno Príncipe pouco tempo depois.
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A localização também ajuda: entre os estabelecimentos vizinhos, na galeria, há antiquário, loja de roupas e clínica veterinária. Outro motivo para a reunião das profissionais no mesmo empreendimento foi a tentativa de escapar do preconceito que elas garantem ainda sofrer na profissão. “Já tive desenhos amassados por colegas, que me roubavam clientes e desmereciam meu trabalho”, relembra a sócia do negócio, Samantha Sam, que atuou em diversos estúdios e recentemente estava no Shimada Tattoo, na Liberdade.
› Sampa Tattoo. Galeria América, Rua Augusta, 2203, loja 13, Jardins, ☎ 3083-1533. 10h/20h (seg. a sex.); 10h/18h (sáb.).
À flor da pele
Os estilos e técnicas que andam em alta entre a turma das agulhas
Blackwork: sem cores, valoriza o preto, a cor mais fácil de ser removida eque apresenta o melhor resultado no corpo
Mandala: sempresimétrica e circular, permite variações com pétalasde flores e representa equilíbrio e harmonia
Pontilhismo: inspiradona técnica de pintura,o estilo delicado utiliza pequenos pontos para formar os desenhos
Pequena: mais popular entre quem vai realizara primeira tatuagem,inclui formas geométricasdiscretas ou palavras