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Vila Olímpia: saiba como era o bairro em 1966

Moradores antigos se lembram dos tempos em que córregos enchiam as ruas de água, do surgimento das primeiras avenidas e das fábricas que perfumavam o ar

Por Maria Dolores
Atualizado em 5 dez 2016, 10h19 - Publicado em 9 ago 2010, 13h31
Faria Lima em 1995_2177a
Faria Lima em 1995_2177a (Raul Junior/)
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No fim do século XIX, a área que hoje compreende a Vila Olímpia e o vizinho Itaim pertencia ao general José Vieira Couto de Magalhães, que a utilizava para caçar e pescar. Apenas em 1916, um de seus irmãos, Leopoldo Couto de Magalhães, construiu ali uma casa para morar com a família. Após a morte de Leopoldo, os herdeiros desmembraram as terras e fizeram os primeiros loteamentos, adquiridos principalmente por pequenos agricultores, pescadores e barqueiros que trabalhavam no Rio Pinheiros. No fim da década de 30, o comércio e o trânsito com barcos foram proibidos. Os barqueiros e pescadores, então, acabaram substituídos por comerciantes, operários e imigrantes. Vinte anos depois, a Vila Olímpia recebia fábricas pequenas e médias. A região era considerada ao mesmo tempo não muito distante do centro de São Paulo e a meio caminho para o Porto de Santos. Desvalorizados pelos frequentes transbordamentos de córregos como Uberabinha, da Traição e do Sapateiro, os terrenos tinham preços abaixo do metro quadrado das redondezas.

Na Rua das Olimpíadas funcionavam duas fábricas que marcavam o aroma de seu entorno: a dos sabonetes Phebo e a dos sorvetes Gelato. Foi por causa dos sorvetes, aliás, que Neiva Marchioro deixou Caxias do Sul (RS) há 38 anos. “Meu marido dirigia caminhão frigorífico e ficava a maior parte do tempo na Vila Olímpia”, conta. Ela se lembra de quando o bairro ganhou sua primeira grande via, a Avenida Presidente Juscelino Kubitscheck, em 1976. “Desapropriaram um cortiço que havia lá”, diz. “Fiquei com pena dos moradores, mas a obra melhorou muito a locomoção e o saneamento.” Mavilde Rodrigues Benigno veio de Portugal em 1950 e abriu uma mercearia na Rua Clodomiro Amazonas. “Havia pouco comércio, e achamos que teríamos chances de progredir.” Com razão. Em 1995, ela abriu a Villa dos Pães, na Rua Ramos Batista. No início, era um misto de boteco e padaria. Com a expansão dos escritórios, passou a servir também almoço. 

Vizinho da Villa dos Pães, o comerciante João Mil mora há 53 anos num terreno de 2 000 metros quadrados na esquina das ruas Ramos Batista e Ministro Jesuíno Cardoso. Construiu uma casinha de quarto e cozinha nos fundos da área e depois foi levantando outras, para alugar aos operários. “Cavei um poço para armazenar a chuva, pois não havia água encanada nem energia elétrica”, recorda. Em 1995, a prefeitura instituiu uma operação urbana que tinha como objetivo promover melhorias ao longo das avenidas Faria Lima, Pedroso de Moraes e Juscelino Kubitschek. Empresas interessadas em construir acima do permitido pela Lei de Zoneamento pagavam à administração municipal, que reinvestia os recursos arrecadados em obras. Foi quando começaram a surgir os edifícios de design moderninho, forrados de espelhos, que atualmente povoam o horizonte da região.

 

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COMO SURGIRAM OS NOMES DESTAS RUAS?

Casa do Ator — A rua era conhecida assim pelos moradores, por haver ali uma casa que abrigava atores aposentados

Clodomiro Amazonas (1884-1953) — Foi um paisagista e ilustrador

Doutor Cardoso de Mello (1883-1965) — José Joaquim Cardoso de Mello Neto foi prefeito de São Paulo (em 1930) e governador do estado (1937-1938)

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Fiandeiras – O termo significa “mulheres que fazem fios” — profissão comum numa região que tinha muitas tecelagens

Hélio Pellegrino (1925-1988) — Psicanalista e escritor, fazia parte, com o romancista Fernando Sabino, o contista Otto Lara Resende e o cronista Paulo Mendes Campos, do chamado grupo “Os quatro mineiros”

João Cachoeira — Funcionário da família Couto de Magalhães que em 1896 comprou o terreno onde cresceu o bairro. A data de nascimento é desconhecida e o sobrenome Cachoeira era provavelmente um apelido: João gostava de beber cachaça

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Olimpíadas — É uma homenagem à competição esportiva, sem relação específica com o bairro. Estava no banco de palavras da prefeitura e foi usada para rebatizar a antiga Rua Coronel Luís Pinto

Raja Gabaglia — O professor de geografia Fernando Antônio Raja Gabaglia (1895-1954) e seu irmão, João Capistrano, ajudaram a criar o IBGE

Ribeirão Claro — Não, não é referência aos frequentes alagamentos que essa rua sofria. Antiga Rua 7, foi rebatizada em 1954 com o nome de uma cidade paranaense retirado do banco de palavras da prefeitura

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Vicente Pinzón (1462-1514) — Navegador espanhol, descobriu a América ao lado de Cristóvão Colombo e, depois, encontrou a foz do Rio Amazonas

 

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