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Sites de compras atraem loucas por descontos

Mulheres correspondem a 60% dos clientes cadastrados nos 29 sites de compras coletivas que atuam na cidade. Há quem não passe um dia sem checar (e aproveitar) as ofertas

Por Giovana Romani
Atualizado em 5 dez 2016, 18h35 - Publicado em 25 set 2010, 00h00
Sites de compra coletiva - Elisabete Lopes - 2184
Sites de compra coletiva - Elisabete Lopes - 2184 (Mario Rodrigues/)
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Diretora comercial de uma loja de decoração na Vila Madalena, Bia Ferreira não desgruda de seu smartphone. A qualquer hora do dia, recebe e-mails de fornecedores, importadores e clientes. Há três meses, porém, sua caixa de entrada conta com novos remetentes: os sites de compras coletivas, que oferecem a uma base de pessoas cadastradas descontos de até 90% em restaurantes, peças de teatro, sessões de cinema, massagens e tratamentos estéticos, entre outros. Compra efetuada, deve-se imprimir um cupom para ser entregue no estabelecimento e aproveitar o serviço. Para que a venda possa ser concluída, no entanto, é necessário reunir um número mínimo de compradores (por isso o conceito de compra coletiva). Nada que represente um problema. No último dia 17, por exemplo, o site Peixe Urbano anunciou um rodízio de comida japonesa, na Vila Olímpia, de 49,80 reais por 21 reais. Em 24 horas, 5 460 cupons foram adquiridos.

Com apenas cinco meses de existência, o mercado de compras coletivas nacional vem crescendo a passos rápidos. O segmento faturou 1 milhão de reais em junho e, em agosto, esse número saltou para 6 milhões de reais. “Hoje já são 29 os sites que atuam em São Paulo”, afirma Rafael Siqueira, CTO do Apontador, do qual faz parte o ApontaOfertas, espécie de agregador de páginas de descontos. Até o fim do ano, empresas como Peixe Urbano, Clube Urbano e ClickOn esperam ter 7 milhões de usuários — mais de 2 milhões deles na capital paulista. As mulheres são as consumidoras mais fiéis: correspondem a cerca de 60% dos cadastrados. “A gente adora uma promoção”, assume Bia Ferreira. Quando seu celular apita de madrugada, lá vai ela checar as ofertas no e-mail. Dia desses, ficou empolgada ao deparar com uma limpeza de pele por 39 reais. Pagou. esperou a aprovação, imprimiu o cupom e só depois notou que o lugar ficava em Santana, na Zona Norte. Ela mora no Alto da Boa Vista, na Zona Sul. “Peguei trânsito e demorei umas duas horas para chegar lá”, conta. “Não valeu a pena.” Agora, Bia diz comprar com mais moderação — apenas uma vez por semana. Ainda assim, o maridão reclama ao receber a fatura do cartão de crédito conjunto. 

Elisabete Cristina Lopes, arquiteta de informação, não tem esse problema. Gasta quanto der na telha sem um pingo de culpa. Não, ela não é milionária. Em maio, resolveu entrar em um concurso do site ClickOn — quem indicasse mais pessoas interessadas em se cadastrar ganharia um crédito de 15 000 reais. Obstinada, ela separou meia hora diária durante um mês para enviar convites a listas de e-mails. Levou o prêmio ao indicar 400 usuários. Desde então, Elisabete usou 1 500 reais para comprar cupons de restaurantes, bares, teatro, cinema, circo, massagens, depilação a laser, escova progressiva, day spa… “Mas é difícil gastar tanto”, afirma. “Minha agenda já está cheia até o fim do ano.” As ofertas têm custo baixo. “Nosso tíquete médio em São Paulo gira em torno de 60 reais”, explica Marcelo Macedo, CEO do ClickOn. “No restante do país, esse valor cai para 51 reais.” A capital paulista tem outras peculiaridades. No setor de gastronomia, por exemplo, fazem sucesso os cupons de comida japonesa e hambúrgueres. “No mês passado, registramos uma média de sessenta compras por hora em São Paulo”, afirma Pedro Guimarães, do Imperdível, presente em quinze cidades.

Os paulistanos ainda se revelam bairristas. Devido ao trânsito e às longas distâncias, priorizam os serviços disponíveis perto de onde moram ou trabalham. O site Oferta Única já tem promoções por região e o Peixe Urbano acaba de implantar ferramenta semelhante. A idade da maior parte dos consumidores varia de 25 a 35 anos. Aos 20, a estudante de ciências sociais Fernanda Becker é exceção. Ela viu na compra coletiva uma forma de se dar ao luxo de frequentar spas e salões de beleza mesmo ganhando, como estagiária, 800 reais mensais. Independentemente da idade e do sexo, os consumidores devem ter precauções para não entrar numa fria — seja na rede, seja fora dela. Ao que tudo indica, a febre vai continuar. Presente em 26 países e em 200 cidades no mundo, a empresa americana GroupOn chegou por aqui três meses atrás, com o Clube Urbano. “São Paulo pode se tornar rapidamente a unidade mais importante do mundo para nós”, acredita Daniel Funis, sócio-diretor da operação no Brasil. “A cidade sozinha já possui um faturamento maior do que países como Itália e Espanha, onde estamos estabelecidos há mais tempo.”

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PARA NÃO SER ENROLADO NA REDE

As dicas da advogada Patricia Peck Pinheiro, especialista em direito digital

1. Leia atentamente os termos de uso antes de se cadastrar no site

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2. Verifique a prática da empresa em caso de desistência de participação na compra coletiva

3. Informe-se sobre a política de privacidade do site para saber como serão utilizados os dados pessoais fornecidos

4. Cheque se a página de pagamento opera em um ambiente de navegação seguro e possui certificados digitais de segurança

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5. Esteja ciente das limitações impostas aos serviços ou produtos antes de pagar

6. Caso o número mínimo de participantes não seja atingido, o comprador da oferta deve ser ressarcido

7. O site é responsável em caso de falhas na emissão do cupom para a aquisição do produto ou serviço

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8. Se o estabelecimento se recusar a receber o cupom, a empresa organizadora da compra coletiva responderá pela recusa

9. Cabe ao estabelecimento cumprir com as condições oferecidas. Ressalvas para o uso do serviço com desconto (dia da semana, horário, validade etc.) devem ser informadas previamente e, de preferência, redigidas no cupom

10. Caso o local não consiga cumprir com o prometido, é caracterizada a venda impossível, passível de indenização

 

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