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Novas soluções para contornar a falta de garagens na metrópole

Um exemplo é o “duplicador”, aparelho que transforma uma única vaga em espaço para dois veículos ao suspender um deles

Por Kike Martins da Costa
Atualizado em 14 Maio 2024, 11h05 - Publicado em 2 dez 2011, 23h50

“São Paulo não pode parar”, enunciava o bordão desenvolvimentista da primeira metade do século passado. Mas, para os proprietários dos quase 4 milhões de automóveis que circulam diariamente pela capital, o lema é “Não se pode parar em São Paulo”. Além das poucas vagas rotativas na Zona Azul (há apenas 35.000 na cidade), a metrópole conta com somente 900.000 nos cada vez mais caros estacionamentos particulares. Falta lugar para quem precisa deixar seu veículo nos centros comerciais, principalmente em áreas com grande concentração de escritórios, como as avenidas Paulista e Engenheiro Luís Carlos Berrini e o Itaim Bibi.

Vários condomínios adotam manobristas e valet service para otimizar o serviço, e, mais recentemente, edifícios residenciais também passaram a apelar para esse recurso. “Não é uma solução milagrosa, só proporciona um uso mais intensivo das vagas durante o dia, quando elas deixam de ter ‘donos’ para ter apenas ‘ocupantes’”, explica o representante Celso Abreu, da VistaPark, que administra estacionamentos em hotéis, flats, empresas, faculdades, shopping centers, academias de ginástica e hospitais. “Em locais com moradores, o efeito desses profissionais é somente o de oferecer mais conforto, não ajuda a multiplicar os espaços. Afinal, de noite todos os carros têm de ‘dormir’ na garagem, e aí não há muito o que fazer”, completa.

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Uma das medidas que estão sendo testadas para driblar o problema é o “duplicador”, aparelhos que transformam uma única vaga em espaço para dois veículos ao suspender um deles e permitir que outro entre embaixo. Integrante da relação das principais fabricantes do produto, a metalúrgica Engecass tem vendido, em média, sessenta equipamentos desse tipo por mês ao mercado paulistano. De 2009 para cá, as encomendas vêm aumentando ao ritmo de 80% ao ano. Os preços variam de 2.000 a 15.000 reais, de acordo com o modelo. “Para a instalação, só é preciso verificar se a estrutura do prédio suporta a carga adicional e se o local tem altura suficiente para criar o ‘beliche’”, diz Paulo Wilson, gerente comercial da empresa, que disponibiliza também “triplicadores”.

Outros artifícios capazes de promover o “milagre da multiplicação” foram divulgados na recente Expo Parking, feira do segmento que reuniu 150 fabricantes no Expo Center Norte, na Vila Guilherme. “Foram apresentados equipamentos como sinalizadores para reduzir o tempo de procura em garagens, softwares de controle e aplicativos de celular que ajudam na localização de lugares para automóveis”, conta o holandês Sebas van der Ende, diretor da Real Alliance, que promoveu o evento. Grande parte dos edifícios residenciais da capital dispõe de número insuficiente de vagas. Confortáveis prédios antigos de Higienópolis, que possuem apenas uma por unidade — às vezes nenhuma, a exemplo de edifícios do centro da cidade —, acabam se desvalorizando por causa disso. Não falta quem prefira morar longe e em um lugar mais apertado, desde que por lá caibam vários carros. “Atualmente, os estacionamentos dos edifícios residenciais são tratados como prioridade nos projetos, tanto quanto a sala, a varanda ou a cozinha”, afirma Daniel Berrettini, gerente comercial da construtora You,inc.

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Apesar das evidências, a prefeitura defende a ideia de que a dificuldade para conseguir espaço na cidade é pontual e eventual. “Em centros urbanos de outros países, não é incomum deixar o carro a até 500 metros do local de trabalho, mas aqui as pessoas não têm o hábito de parar longe do destino final. Se os paulistanos fizessem isso, certamente encontrariam lugares livres com relativa facilidade”, acredita o secretário de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho, Marcos Cintra.

Ele garante que o único ponto em que a situação está realmente crítica é o centro, onde um recente levantamento da secretaria verificou que há um déficit de 10.600 vagas. Para reduzir o problema, será aberto um edital para a construção de três garagens subterrâneas, com capacidade para 15.000 automóveis, nas praças Roosevelt e Fernando Costa (próximo à Rua Boa Vista e ao comércio popular da Rua 25 de Março) e no terreno onde ficavam os edifícios São Vito e Mercúrio, demolidos em 2010. Se o cronograma for obedecido, a da Roosevelt será inaugurada em meados de 2012 e as outras duas entrarão em operação no fim de 2013. Cintra promete licitar, no início do ano que vem, o projeto de mais sete ou dez estacionamentos em construções verticais, próximo de estações de metrô, para estimular a integração com o transporte público.

 

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