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Três perguntas para… Heitor Dhalia

Diretor pernambucano fala de sua experiência em filmar uma produção americana

Por Miguel Barbieri Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 17h16 - Publicado em 6 abr 2012, 09h00

Pernambucano radicado em São Paulo, Heitor Dhalia é o diretor dos elogiados “O Cheiro do Ralo” e “À Deriva”. Assim como seus colegas Walter Salles e Fernando Meirelles, ele resolveu sentir o gostinho de rodar uma produção americana fora do Brasil. O resultado está no suspense “12 Horas”, cuja estreia está prevista para sexta (13).

VEJA SÃO PAULO — Os americanos vieram até você ou foi o inverso?

Heitor Dhalia — Tudo começou em 2004, quando “Nina” ganhou exibição no Festival de Los Angeles e dois agentes quiseram me conhecer. Fui até lá sem falar nadinha em inglês. Comecei a fazer aulas e quando “À Deriva” passou por Cannes, cinco anos depois, eu já estava mais afiado. Esse filme foi mostrado para executivos de Los Angeles. Eles amaram, mas costumam desconfiar de que um estrangeiro possa entregar uma fita no prazo sem nunca ter trabalhado nos Estados Unidos. Quando surgiu “12 Horas”, eu nem acreditava mais que iria dirigir porque, até então, muitos projetos haviam sido cancelados.

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VEJA SÃO PAULO — Teve alguma dor de cabeça por trabalhar lá?

Heitor Dhalia — Assinei contratos de filmes que nunca saíram do papel, entre eles um thriller de espionagem chamado “April 23” e uma biografia de Scott Fitzgerald. Há muita especulação, mentira e papo furado. Uma cláusula no contrato diz que, se o longa não for rodado, eu não ganho nada. Por isso, perdi muito dinheiro indo aos Estados Unidos para fazer reuniões. Concorri com outros dezesseis diretores e engoli muito sapo para fazer “12 Horas”. Foi bom aprender e experimentar algo em uma escala industrial, mas me frustrei porque não tinha o controle criativo. Estava limitado a uma função técnica. Nem à dramaturgia, que ficou a cargo do produtor e do roteirista, eu tive acesso.

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VEJA SÃO PAULO — Você filmaria nos Estados Unidos de novo?

Heitor Dhalia — Se fosse para trabalhar com esse grau de controle, eu diria não. Tive uma experiência traumática. Morei em hotel e vivi como nômade por um ano… E por que rodar lá, se aqui posso fazer um trabalho mais autoral? Agora, por exemplo, estou em plena pré-produção do meu novo filme, “Serra Pelada”, que começo a filmar em julho. Será a história do estouro do garimpo nos anos 80, estrelada por Wagner Moura.

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