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Instituições oferecem reabilitação gratuita para tratar sequelas pós-Covid

As consequências da infecção pelo coronavírus no longo prazo podem resultar em pneumonias, arritmias cardíacas, hepatites e outras enfermidades

Por Fernanda Campos Almeida
Atualizado em 27 Maio 2024, 19h42 - Publicado em 27 ago 2021, 06h00
Homem utilizando um exoesqueleto robótico. Ele está de máscara
Tratamento tecnológico: paciente usa exoesqueleto robótico para andar na Rede de Reabilitação Lucy Montoro (Divulgação/Divulgação)
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Ainda não são conhecidas todas as consequências que a infecção por Covid-19 causa no corpo, mas os médicos entendem que, depois que o coronavírus penetra no organismo, acontece uma “tempestade inflamatória”: artérias inflamadas se contraem e se tornam menos eficientes no papel de levar oxigênio e sangue para órgãos e nervos, que passam a não funcionar corretamente.

“Nervos lesionados não funcionam bem porque é como se fossem fios desencapados. É por isso que muitos perdem olfato e paladar”, exemplifica João Vicente da Silveira, cardiologista do Hospital Sírio-Libanês. Além disso, a Covid-19 tem a propensão de afetar o sistema respiratório (formado, entre outros órgãos, por pulmão, laringe, faringe e traqueia), o coração, os rins e o cérebro.

As consequências no longo prazo — chamadas de Covid longa ou síndrome pós-Covid — mais comuns estão relacionadas aos órgãos citados: dores de cabeça, dificuldade de atenção, lapsos de memória, ansiedade, depressão, queda de cabelo, pneumonias, arritmias cardíacas, miocardites, hepatites, tromboses. A lista é longa e as mulheres são as mais acometidas.

“Pessoas com comorbidades respiratórias, como asma, podem ficar com a manifestação da doença mais exacerbada. É catastrófico”, diz Silveira, que também auxilia pacientes que já tiveram Covid-19 no tratamento das sequelas. O médico enfatiza que a doença ainda é nova e por causa disso é impossível dizer se a maioria dos pacientes desenvolve as sequelas e quanto tempo elas duram.

Após a infecção e a fase de quarentena, antes de voltar à rotina, recomenda-se que a pessoa passe por uma avaliação clínica e faça exames para descobrir se não está com sequelas.

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De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, qualquer pessoa que apresente sintomas da síndrome pós-Covid tem direito à reabilitação e a acompanhamento médico pela rede pública de saúde desde o início da pandemia. O atendimento em caso de sequelas leves é feito pelas UBSs. Para sintomas moderados e graves, a assistência ocorre nos Centros Especializados em Reabilitação (CER) e Centro de Atenção Psicossocial (Caps). Equipes multiprofissionais, compostas de fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, psicólogo, nutricionista e educador físico, estão disponíveis para ambos os casos.

“Os pacientes mais graves saem do hospital com enorme perda muscular”, afirma Linamara Battistella, médica fisiatra e idealizadora da Rede de Reabilitação Lucy Montoro, do Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP). Há cinco unidades da rede que oferecem tratamento para Covid longa na capital, com equipamentos de ponta que integram estímulos físicos, cognitivos e sensoriais por meio de realidade virtual, robôs e exoesqueletos (veja a foto acima).

“A pós-Covid pode ser tão grave quanto a doença em si”, afirma Raquel Trevisi, fundadora do projeto de reabilitação on-line Com Vida (@projeto.com.vida). A atleta de crossfit passou por duas intubações, teve complicações como tromboses, perdeu 25 quilos e saiu da internação com quadro de tetraplegia temporária após adquirir a doença. Depois de reaprender a andar e fazer tarefas básicas com uma equipe multidisciplinar, decidiu criar a instituição em outubro do ano passado, hoje com 200 voluntários ativos, para ajudar quem não tem acesso aos tratamentos.

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O cadastro para atendimento é feito por meio do site projetocomvida.com.br e engloba ajuda emocional e psicológica. Recentemente os atores Luciano Szafir, que foi internado com Covid-19 em junho e ainda luta contra as sequelas, e Helena Fernandes apadrinharam o projeto em suas redes sociais.

Para descongestionar a rede pública de saúde, universidades particulares também criaram programas de reabilitação orientados por alunos. A PUC-SP está com inscrições abertas até setembro para a segunda edição do Programa de Fisioterapia Respiratória. Tem duração de um mês, com três sessões por semana. O formulário está disponível em j.pucsp.br. Clínicas de fisioterapia da Unip espalhadas pelo estado oferecem reabilitação presencial para quem não apresenta sintomas há um mês.

O atendimento gratuito (exceção feita à Clínica Pompeia, com valor simbólico de 20 reais) é agendado pelo telefone da unidade disponível no site da universidade. A Promove — São Camilo, no Ipiranga, também oferece o serviço, incluindo exames laboratoriais e de imagens. O contato é feito pelo número 3206-9600 e o tratamento tem início no departamento de pneumologia, posteriormente encaminhado para outros setores.

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Publicado em VEJA São Paulo de 1° de setembro de 2021, edição nº 2753

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