Alunos de direito da USP protestam contra professor que defende ditadura
Aula foi interrompida por estudantes que simularam cenas de tortura e cantaram músicas
Alunos de direito da Universidade de São Paulo (USP) interromperam nesta segunda-feira (31) a aula do professor Eduardo Lobo Botelho Gualazzi. A manifestação aconteceu quando ele tentava defender o golpe de 1964. Em uma espécie de “escracho”, os estudantes simularam cenas de torturas e cantaram músicas como Opinião, de Edu Lobo, e Suíte do Pescador, de Dorival Caymmi.
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Em um vídeo feito pelos próprios alunos, Gualazzi explicava sua opinião sobre o regime quando as intervenções começaram do lado de fora. “A história informa que as tiranias vermelhas terminaram afogadas em um holocausto de sangue humano e corrupção total, material e espiritual. Em 1964, o socialismo comunismo esquerdista-totalitário almejava apoderar-se totalmente do Brasil”, dizia. Alguns estudantes entraram na sala com capuzes pretos na cabeça e irritaram o professor, que primeiro tentou impedi-los e depois foi embora do recinto.
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Ex-integrante da Aliança Nacional Libertadora (ANL), o militante Antonio Carlos Fon acompanhava os estudantes, que fazem parte de um coletivo chamado Canto Geral. Fon pegou o microfone e tentou convencer o acadêmico a voltar. “Professor Gualazzi, por gentileza, retorne. Nós não concordamos com o que senhor diz, mas ninguém trouxe a máquina de choque nem vai botar pau de arara. Ninguém vai te torturar. Vem ouvir quem não concorda com o senhor.”
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O professor não retornou à sala de aula. O ato foi apoiado pelo Centro Acadêmico XI de Agosto e a Faculdade de Direito não se pronunciou.